Um portfólio sólido pode ser o divisor de águas entre conquistar ou não uma vaga na área de dados. Mas o que realmente torna um portfólio atraente para recrutadores e gestores? Não basta encher a página com gráficos sofisticados, modelos avançados e dashboards impressionantes. Esses elementos são o mínimo esperado e todos já sabem que precisam estar lá. O diferencial está em como você constrói e apresenta seus projetos, evitando armadilhas comuns e demonstrando maturidade profissional.

Aqui estão 5 Erros de Portfólio Que Impedem Cientistas de Dados de Serem Contratados.

Erro nº 1: Projetos Sem Propósito

Muitos candidatos recorrem aos mesmos datasets básicos apenas para “ter alguma coisa” no portfólio. Isso transmite desinteresse e falta de originalidade.

Correção: Escolha temas que você realmente goste ou que tenham relevância de negócio. Se você curte esportes, explore estatísticas de desempenho na NBA; se gosta de música, crie um modelo de recomendação de playlists. Se quer trabalhar em finanças, analise risco de crédito ou previsão de inadimplência. O entusiasmo pelo domínio transparece e torna seu projeto mais profundo e convincente.

Erro nº 2: Usar Qualquer Dado Fácil de Encontrar

Baixar um CSV pronto pode ser conveniente, mas não mostra as habilidades que o mercado espera. Na vida real, dados são sujos, dispersos e muitas vezes difíceis de acessar.

Correção: Demonstre sua capacidade de buscar, combinar e tratar dados. Use APIs (como Twitter/X ou Yahoo Finance), bases governamentais abertas e até web scraping. Mostre como você cruza fontes, resolve problemas de qualidade e cria um dataset pronto para análise. Por exemplo, unir dados climáticos, de consumo de energia e de feriados para prever demanda elétrica é muito mais convincente do que apenas rodar um modelo pronto.

Erro nº 3: Tratar Projetos Como Competições do Kaggle

No Kaggle, o foco é maximizar uma métrica. No mundo real, métricas importam, mas não são o fim. O que interessa é impacto nos negócios ou na sociedade.

Correção: Vá além da acurácia. Reenquadre o problema para um resultado útil. Em vez de apenas prever churn, mostre quanto a empresa economizaria se reduzisse a rotatividade em 10%. Se o tema for saúde, não apenas classifique exames como “normais” ou “alterados”, mas destaque quais fatores mais contribuem para o risco, ajudando gestores a tomar decisões melhores.

Erro nº 4: Mostrar Apenas Notebooks, Não Processos

Um portfólio cheio de Jupyter Notebooks lineares não revela sua visão de ponta a ponta. Empresas querem saber como você pensa, decide e implementa.

Correção: Mostre o ciclo completo: coleta, limpeza, engenharia de atributos, modelagem, avaliação, implantação e monitoramento. Explique suas escolhas técnicas e justifique suas decisões. Se possível, crie protótipos interativos com Streamlit ou dashboards no Power BI que permitam a execução do modelo em cenários reais. Isso transforma seu trabalho de “um exercício técnico” em “uma solução aplicada”.

Erro nº 5: Terminar no Modelo, Sem Ação Prática

Muitos projetos param no “meu modelo teve 92% de acurácia”. Mas o que fazer com isso? Qual é a recomendação prática?

Correção: Encerre cada projeto com uma sugestão clara e acionável. Exemplo: “Com base nas previsões, recomenda-se que a rede de restaurantes priorize inspeções em estabelecimentos de alto risco durante os meses de inverno.” Essa tradução da técnica para impacto é o que diferencia um Cientista de Dados júnior de um profissional pronto para o mercado.

Exemplo de Projeto Profissional: Previsão de Demanda de Energia para Redução de Custos

Vejamos um exemplo de como organizar um projeto para incluir no seu portfólio.

Domínio: Consumo de energia e sustentabilidade em grandes cidades.

Dados: Combinação da Administração de Informações de Energia dos EUA (EIA), API de clima da NOAA e calendários de eventos/feriados.

Problema: Não apenas prever a demanda, mas calcular quanto dinheiro poderia ser economizado se cargas fossem deslocadas fora dos horários de pico.

Pipeline (pode ser criado em Python, por exemplo):

  • Limpeza de dados (tratamento de valores ausentes, normalização de variáveis climáticas).
  • Engenharia de recursos (lags temporais, variáveis climáticas e calendário).
  • Modelagem (baseline com Prophet, modelos avançados com LSTM ou XGBoost).
  • Avaliação (RMSE/MAE).
  • Implantação (painel interativo com previsão de 24h e simulação de cenários).

Ação: “Se grandes empresas deslocarem 5% do consumo para fora dos horários de pico previstos, a cidade pode economizar US$ 3,5 milhões por ano em custos de rede elétrica.”

Esse tipo de narrativa mostra não apenas que você sabe treinar modelos, mas que entende o impacto estratégico de dados e IA, exatamente o que recrutadores procuram em um portfólio profissional.

E se precisar de ajudar para construir projetos de nível profissional para seu portfólio, os cursos da DSA são elaborados com a metodologia de aprendizado baseado em projetos. Confira: Cursos, Formações e Programas de Pós-Graduação.

Equipe DSA

Referências: